quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Escola Superior de Relações Internacionais Secretas – Especialização em Combate Desarmado e Análise de Balaços

Ementa do Curso: o presente curso pretende formar em três semestres de aula presencial mais um mês de videoaulas (Malandragem Integrada), profissionais com uma ampla visão do mundo da espionagem, os novos paradigmas da morte em serviço e a globalização e terceirização dos serviços escusos.

Grade Curricular:

IºSemestre:
-Introdução à Teoria das Armas Brancas
-Montagem de Rifle no Escuro
-História da Espionagem
-Gastronomia de Sobrevivência
-Habilitação em Camuflagem; Deserto, Selva e Gelo Siberiano

IIºSemestre
-Teoria das Armas Brancas
-ABC do Assassinato
-HALO Jump – Módulo I
-Criptografia; Morse Code e Língua do “P”
-Teoria I de McGyver

IIIºSemestre
-Imobilização, Desarme no Taijutsu
-Práticas Questionáveis de Interrogatório Moderno
-Teoria Geral do “Não Fui Eu”
-Histórias dos Grandes Conflitos – Bastidores e Picuinhas Históricas
-100 metros em Campo Minado

Optativas:
-Sociologia dos Ursos Kodiak
-Origens da Treta
-Bipolarização de Outrora e a Nostalgia
-Meditação de Cativeiro
-Decoração de Presentes Para Troianos
-Técnicas de Falso Suicídio

José e Maurício

domingo, 27 de setembro de 2009

O Voluntariado é simplesmente o vácuo do Estado?

Somente aos 21 anos de idade decidi me engajar em um trabalho voluntário. Sério. Periódico. Durante algum tempo colhi os frutos inconscientes de estar cumprindo minha parte social, apesar de acreditar que a grande mudança só ocorre em conjunto – à despeito da inegável validade do ato individual e da contribuição da pequena parte que todos podemos fazer.
Retomando, estava convencido do papel que cumpria, até que uma discussão envolvendo serviço social, estado mínimo e desigualdade veio me perturbar. Diziam eles:

“O Voluntariado não é uma boa prática. Em alguns casos, ele empurra para a sociedade civil deveres que o Estado deve exercer. Incentivar o voluntariado é perpetuar a incompetência estatal e quem sabe, aprofundá-la.”

E ainda,

“O Voluntariado leva a práticas pulverizadas que tem um pequeno resultado local. Ao criar centenas, milhares de organizações, ele aumenta a burocracia e atua no sentido de desagregar movimentos maiores, que em tese teriam mais poder, político ou social.”

Analisando a motivação primeva, que leva alguém ao Voluntariado, comecei a desnudar alguns aspectos desse movimento: O voluntariado é, do meu ponto de vista, a ação descentralizada, de caráter eminentemente filantrópico, voltada para o indivíduo ou grupo de indivíduos necessitados, sejam eles amparados pelo poder público ou não.
Essa característica, a fraternidade, a ação voltada para o próximo, é correlata, ao menos no plano teórico, à aspiração das grandes religiões de salvação, que Weber destrinchou a quase um século atrás. Segundo Max Weber, a fraternidade universal despersonalizou o amor, objetivou-o. O resultado foi o mesmo alcançado pelo capitalismo – a incompatibilidade com uma ética da fraternidade pessoal – só que por outro caminho. O amor universal acaba desvalorizando o amor como sentimento pessoal, pois não escolhe alvo, se generaliza como preceito global. Além disso, o acosmismo, a visão de que o mundo material é apenas uma ilusão, reitera o princípio de que tudo deste mundo, inclusive o amor fraternal é menor, pelo menos, do que está no plano superior(no céu).
A fraternidade do Voluntariado, entretanto, implica uma relação pessoal forte. Ele é motivado por convicções pessoais – é apartidário, facultativo, espontâneo, completamente neutro quanto à sua causa. Acredito que isso assegura à esfera moral do Voluntariado uma boa interface. O que está no cerne mesmo do movimento é energia de mudança essencialmente voltada para o bem.
A questão macropolítica, todavia, resta entravada. Em alguns casos, é verdade sim, que a ação da sociedade civil, bem ou mal organizada, faz o papel do Estado, seja assumindo completamente o papel deste, seja porque aquele acredita que deve complementar determinada área carente. Vislumbro entretanto, resultados diferentes no que toca à argumentação de que esse movimento perpetua a irresponsabilidade estatal. No mais das vezes, o Voluntariado chama a atenção do grande público, graças ao seu caráter especial – e a opinião pública, quando provocada, leva sim, questionamentos ao Estado. Chamar a atenção das massas e do Estado para um problema que deveria ser de responsabilidade pública é um ótimo começo, para que as coisas mudem. Não defendo, mesmo assim, que o Voluntariado um dia deixe de existir, quando o Estado tiver assumido integralmente suas responsabilidades. Um equilíbrio entre ação pública e ação coletiva organizada me parece o ideal. Centralizar demais o poder nunca foi uma boa idéia, e abrir mão do espaço de ação social conquistado pelas ONG’S ao longo de uma luta por direitos civis que ainda não acabou, parece uma idéia pior ainda.
Como sempre, é uma questão de achar o equilíbrio.

José

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Crítica: Cantigas e Moral

Como ensinar princípios às crianças:

(Todos 2x) - O José roubou pão na casa do João! - Furto
(José) - Quem, eu? - Dissimulação
(Todos) - Sim, tu. - Falso Testemunho\Acusação
(José) - Eu não! - Faltar com a verdade
(Todos) - Então quem?
(José) - O fulano. - Delação
(Todos) - O fulano roubou pão na casa do João!

ps. Meu, onde está o João, que não vê isso?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Considerações acerca do drible

Que razão me levaria a tal raciocínio não tenho certeza. Veio naturalmente a minha mente, fruto do ócio e da inépcia das férias; e então, mesmo sabendo que posso me arrepender mais tarde por causa de filosofia tão tosca, escrevo sinceramente já que, procedendo de outro modo, estaria me enganando. Sempre defendi o drible. Sempre. Joguei futebol toda a minha vida valorizando mais uma jogada espetacular do que um gol- e há certa justificativa para isso: o gol é o simples momento em que a bola cruza a linha sob as traves após ter sido trabalhada em uma jogada (por mais feia ou eventual que seja). Sendo assim como não apreciar um momento de inspiração, de criatividade autêntica que é a jogada individual, o drible, mesmo que ele não termine como gol? Sempre tentei ser um driblador nas peladas e nos jogos amistosos. Do mesmo modo, já fui driblado muitas vezes. Depois daquela sensação única que é tomar uma caneta ou um chapéu, aquele embaraço que dura apenas uma fração de tempo até o desenrolar da próxima jogada dentro de campo; há também a sensação contrária, de dar o drible, um contentamento, um sentimento de obra bem realizada e acabada, uma vontade de rir inocentemente. E tudo isso é incrível, o drible que você toma hoje é o que você dá amanhã, e por isso, sempre acreditei que um drible cabia em qualquer hora, em qualquer lugar.
Ultimamente, comecei a repensar minha posição sobre o assunto. O drible é, em última instância, a antinomia do futebol, posto que é jogo coletivo. A jogada individual é então, desse ponto de visão, a última cartada, o derradeiro esforço de superar os obstáculos do jogo, utilizando-se apenas uma pequena parcela de todo o potencial disponível - apenas a habilidade de um jogador em detrimento dos outros nove em campo (o status do goleiro é assunto para outro texto de conjecturas inoportunas). Descobri então que o drible é no fim das contas, a máxima expressão de egoísmo, irresponsabilidade e mau comportamento dentro do que se consideram os esportes coletivos. Em um drible se arrisca muito – e é a decisão de um que pode acarretar conseqüências para todos – é, em suma, um “jogo dentro do jogo”: o driblador apostas as fichas (não só as suas, mas de toda sua equipe) de que pode, por circunstancia, conjuntural ou estrutural, superar seu (s) marcador (es) O objetivo último – o gol – foi ao menos momentaneamente posto de lado.
Comecei a pensar em alguns nomes representativos dessa classe egocêntrica: Garrincha, Pelé, Robinho, Cantona, Zidane, Davids, Riquelme, Messi, C. Ronaldo... e mesmo após tantas evidências apontando a incoerência do ato de driblar, não tive outra escolha a não ser agradecer a esses auto centrados e irresponsáveis mitos dessa malfadada arte, esse rol de anti-heróis. E bem dizer por fim, o drible!

José

domingo, 6 de setembro de 2009

Ah...

Quase esqueci!Assisti ao espetáculo "comédia em pé" do fernando caruso e toda a turma dele, aqui em São José dos Champs. Muito bom. Recomendo o blog do referido comédia. http://bloglog.globo.com/fernandocaruso/

Politicopatia Generalizada

Sintomas

Passividade social em todos os níveis de articulação política, falta de informação precisa sobre a situação do poder político, propagação de mitos; desinteresse e banalização da gestão da rés pública

Causa

Tradição sócio-cultural de coletividade estratificada em classe dirigente (higienizada) e massa (popular); à classe dirigente lhe cabe gerir o poder à ela auferido no sentido de manter ou ampliar a estratificação, dando eventualmente sinais de que se recorda dos seus eleitores; a massa não suporta eleições e sente-se aliviada quando elas finalmente passam (o horário eleitoral televisionado é uma via crucis nacional); o dito popular “futebol, religião e política não se discutem” só é verificado para a última; parece existir um acordo tácito de inação social frente aos impropérios cometidos pelos parlamentares

Casos Recorrentes

O eleitor não se sente conectado à coletividade e pouco ou nada faz para contribuir (fora os desmedidos impostos) para com sua cidade; reclamações e divagações mal-fundamentadas são parte do cotidiano dos eleitores que pouco ou nada sabem sobre os cargos, encargos, atribuições, desempenho ou mesmo o nome de seus vereadores.

Tratamento

O grande interessado no processo – o eleitor – tem, em uma democracia, o poder legal de empossar, cobrar, verificar, corrigir, coibir e afastar do cargo maus administradores públicos: a base institucional é, todavia, insuficiente. É necessário maior amparo da mídia, mudança de consciência e de postura individual, “re-fundação" cultural que envolva todas as esferas da sociedade – se estamos falando de um tratamento conservador; considerando-se o substrato secularmente acomodado da sociedade brasileira, a alternativa – de um tratamento mais agressivo e radical – uma revolução política, ainda que pacífica, parece surreal demais.

Contra-Indicação

Contra indicado aos que esperam manter o cenário de profunda alienação política ou aos que, por nada fazer, contribuem para essa manutenção. À classe dirigente decantada por Darcy Ribeiro e que vê com bons olhos quando “Nessas condições exacerba-se o distanciamento social entre as classes dominantes e as subordinadas, e entre estas e as oprimidas, agravando as oposições para acumular, debaixo da uniformidade étnico-cultural e da unidade nacional, tensões dissociativas de caráter traumático”. Contra-indicado, por fim, a todos os hipócritas que colaboram, de um modo ou de outro, para vivermos nessa sociedade de castas – os políticos – e nós.

José